segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Por detrás das Máscaras - Doenças do Comportamento Alimentar - 2ª Parte


Na continuação do artigo anterior, e ainda no seio das doenças do comportamento alimentar surge o:
Binge-eating ou Comportamento de Voracidade Alimentar
As Crises de Voracidade Alimentar sem purga (sem vómito), é a tradução mais adequada do inglês Binge Eating. Este distúrbio do comportamento alimentar é caracterizado pela ingestão descontrolada de comida e consequente aumento de peso.

Ao contrário do que é mais comum na Bulimia Nervosa, as Crises de Voracidade Alimentar também afectam os homens.
O problema pode, por exemplo, ter início na infância, quando são formados os hábitos alimentares. O indivíduo afectado vê nos alimentos a forma de ultrapassar o stress, os conflitos emocionais e os problemas quotidianos.

O excesso de peso serve de escudo, especialmente quando se tratam de vítimas de abuso sexual. É uma forma de se tornarem menos atraentes e manterem os outros à distância.
Quanto mais peso ganho, mais o indivíduo se esforça por fazer dieta. E é a dieta que leva, habitualmente, à seguinte ingestão excessiva de alimentos, precedida de sentimentos de culpa e fracasso. Um ciclo que continua indefinidamente, se não forem tratadas as causas emocionais.
De um modo geral, o doente sente-se fora de controlo, mas tem consciência que os seus hábitos alimentares não são normais. Tal como na Bulimia Nervosa, tem maior facilidade em reconhecer o seu problema do que os doentes de Anorexia Nervosa.

Assim como a Anorexia e a Bulímia Nervosas, as Crises de Voracidade Alimentar são um problema grave.

Quando não sujeitas a acompanhamento médico, nutricional e psicológico, podem trazer consequências nefastas para a saúde.
Tenha em conta alguns sinais de alerta para detectar um problema de comportamento alimentar: marcada alteração ou frequente flutuação do peso, relutância em pesar-se, incapacidade em aumentar de peso, paragem do crescimento, ausência de menstruação, alteração dos hábitos alimentares, depressão, isolamento social, ausência da escola ou do emprego, roubo, consumo de substâncias de abuso, prática de exercício físico excessiva.
O diagnóstico precoce é fundamental e o tratamento envolve um plano compreensivo com assistência médica multidisciplinar, terapia psicossocial, aconselhamento nutricional e eventualmente a terapêutica medicamentosa. O principal objectivo do tratamento é retomar, de forma gradual e progressiva, os comportamentos alimentares normais, assim como a recuperação do peso corporal, providenciando a sensação de controlo e o aumento da auto-estima.
Apesar da complexidade das doenças do comportamento alimentar, os indivíduos apresentam boas hipóteses de uma recuperação completa, especialmente quando a doença é detectada precocemente.


Numa sociedade que busca a perfeição, esquecendo que a perfeição está na diferença entre todos, a pressão de ser o mais bonito, o melhor profissional, o melhor aluno, o melhor filho, o melhor de “tudo” determina o grau de felicidade de pessoas, que buscam ideais e ídolos em máscaras que deambulam por todo o lado. Na minha opinião, está na hora de aceitar a diferença como a verdadeira beleza da vida, e deixarmo-nos de esconder por detrás de máscaras, porque na essência, na matéria que nos compõe…somos todos iguais!

Por detrás das Máscaras - Doenças do Comportamento Alimentar - 1ª Parte



O Carnaval é caracterizado pelo uso de máscaras. Todos nós possuímos diferentes máscaras que pomos e tiramos consoante as situações em que nos encontramos.
As máscaras protegem-nos, julgamos nós, das pressões sociais. Mas nada seria grave se isso não perturbasse de todo a nossa essência. Mas, a nossa essência perde a sua virgindade no momento em que nos damos conta que somos seres sociais e como tal temos de cumprir regras, úteis e inúteis, que nos moldam e nos condicionam.
Numa sociedade cada vez mais exigente e perfeccionista o uso de máscaras deturpe o “eu” tentando alcançar o sucesso fantástico de ser quem não é. Como consequência surgem muitas vezes, a dor, o sofrimento físico e psicológico num ser humano que deambula entre o que é e o que quer ou pensa que quer ser.


As doenças de comportamento alimentar, são um dos muitos exemplos, de sofrimento do ser humano face aos padrões sociais cada vez mais exigentes (é preciso ser muito inteligente, muito belo, muito rico, ter muito sucesso). Estas doenças parecem ser causadas por uma combinação de factores genéticos, neuroquímicos, psico-ambientais e socioculturais.

As Doenças do Comportamento Alimentar são doenças psiquiátricas caracterizadas por graves perturbações do comportamento alimentar. Compreendem a bulimia, a anorexia e o binge-eating e são comuns em todo o mundo, mas sobretudo nos países desenvolvidos onde determinados padrões de beleza e perfeccionismo estão instalados e ganham cada vez mais adeptos.

Anorexia – embora afecte sobretudo adolescentes do sexo feminino pode ser encontrada nos dois sexos e em todas as idades. A característica mais comum é a acentuada perda de peso e alteração de comportamento. As tentativas para lhes fazer diminuir, ou acabar, com a restrição alimentar, são normalmente encaradas com muita resistência.
Existem dois tipos de anorexia, a Anorexia Nervosa Restritiva que é caracterizada por uma dieta rigorosa e recusa em manter um peso normal e a Anorexia Nervosa Compulsiva/Purgativa (também designada por Anorexia Nervosa Bulimica) em que predominam as crises bulímicas e os comportamentos para evitar o aumento de peso.
São factores de diagnóstico a recusa em manter o peso corporal normal para a idade e para a altura; medo intenso de aumentar de peso e ficar gordo/a, mesmo quando muito magro/a; perturbação na apreciação e forma corporal; nas mulheres falta de menstruação durante pelo menos 3 meses consecutivos; indevida influência das suas formas e peso na sua auto-avaliação ou negação da gravidade do seu baixo peso actual.

Bulimia – é rara no sexo masculino. Caracteriza-se por momentos de voracidade alimentar, ou seja, de ingestão de grandes quantidades de alimentos num curto espaço de tempo. Alimentos esses que são, na sua maioria, compostos por hidratos de carbono. Na fase inicial da doença, os doentes, como forma de controlar o peso supostamente ganho com este tipo de alimentação, optam por fazer exageradas restrições alimentares durante alguns períodos, provocam o vómito, usam laxantes e exageram no exercício físico.
Mas se a "técnica" de provocar o vómito é inicialmente usada para combater os ataques vorazes aos alimentos, posteriormente, passa a ser feita repetidamente, criando um ciclo: comem até estarem cheias, vomitam e assim sucessivamente.
Um dos factores que pode induzir à descoberta desta doença deve-se ao facto dos doentes procurarem sair da mesa imediatamente a seguir a uma refeição.
São factores de diagnóstico: episódios recorrentes de ingestão compulsiva de uma quantidade de alimentos muito superior à maioria das pessoas; comportamento recorrente para perder peso e prevenir o seu ganho, tais como vómito auto-induzido, abuso de laxantes, clisteres ou outros medicamentos, jejum prolongado e/ou exercício físico prolongado; episódios de ingestão compulsiva seguidos de manobras compensatórias de eliminação, ocorrem pelo menos duas vezes por semana, no mínimo por 3 meses; preocupação persistente com a forma e peso corporal que influencia decisivamente a auto-estima com os sentimentos depressivos e perda de auto confiança sempre que ganham peso.