quinta-feira, 25 de junho de 2009

Agricultura Biológica - 2ª parte


- Uma Escolha Consciente -

Muitos se questionam, certamente, quanto à viabilidade de produzir alimentos e ter lucro e produtividade sem recorrer a pesticidas, por exemplo. Na realidade, estudos indicam que a produtividade e lucros não são afectados, tendo-se assistido nos últimos anos a grande sucesso e lucro na agricultura biológica. Como? Sustentando-se em práticas como, a rotação de culturas, usando eficientemente os recursos locais, conhecendo e arquitectando os terrenos de forma a tirar o máximo rendimento, usando formas de consociação (associação) de plantas que geram biodiversidade (aumentando o número de animais e plantas na região de plantação que têm funções diversas) e afastam pragas (por exemplo, as famosas “joaninhas” comem o piolho das acelgas e das alfaces e não prejudicam a horta). A prevenção de pragas é dos pilares da agricultura biológica e daí a importância da biodiversidade. Utilizam-se recursos locais, como estrume animal como fertilizantes alimentar, ou o composto, resultante do processo da compostagem de resíduos alimentares e plantas (como mato, por exemplo), escolha de espécies animais e vegetais que são mais resistentes a doenças, criação de animais em liberdade, sendo estes alimentados com alimentos biológicos (exemplo, pasto biológico), práticas de produção animal adequados a cada espécie.

Em termos práticos, devemos de começar a comprar/adquirir/produzir alimentos de origem biológica, de forma a naturalmente condicionarmos o mercado a que haja uma maior necessidade e consequentemente um crescimento ainda maior, de forma a ser um modo de produção, quase exclusivo, dos alimentos que consumimos.
Existe uma gama completa destes alimentos disponíveis no mercado, tanto frescos, como embalados. Mas, outra realidade, actual e compreensível, é que o consumidor sente-se muita vez desconfiado quanto à veracidade da sua origem. Mas saiba que existem normas europeias, que obrigam à certificação destes produtos, seguindo desta forma um conjunto de normas rigoroso controlado por organismos de certificação. Quanto maior o consumo e exigência do consumidor maior será a fiscalização, por isso dê o benefício da dúvida.
Além das vantagens já mencionadas, da segurança do consumo relativamente à ausência de químicos, a agricultura biológica apresenta ainda como vantagens, um modo de produção mais longo (respeita as leis de produção naturais), exige a necessidade de mais mão-de-obra, aumentando o emprego local permanente, assim como dinamiza e valoriza a agricultura local, dignificando a região e os agricultores, que garantem a preservação das florestas e biodiversidade locais.
A grande desvantagem, apontada por todos nós, deve-se ao seu custo. Os produtos biológicos são nitidamente mais caros, o que se deve à mão-de-obra, ao rigor de produção exigido de forma a respeitar as normas de cada país, a menor escala de operações de transformação e distribuição tendo de chegar ao consumidor da forma mais viável possível e ao maior controlo de forma a garantir viabilidade económica. Mas se o seu consumo aumentar, a sua produção e rentabilidade será maior e os produtos tenderão a ficar mais económicos, como é de tendência geral.
A agricultura biológica tem crescido com grande sucesso, sendo que, por exemplo, na Alemanha o sector de alimentação para bebés é quase exclusivamente biológico. Os grandes produtores de forma sustentada são os EUA e a Argentina. Na Europa, a Itália é o grande exemplo, em que cerca de 50% das escolas têm alimentos de agricultura biológica, sendo esta uma excelente forma de normalizar o seu consumo. As crianças cedo tomam consciência da diferença quando, ao mesmo tempo, são incentivadas com o acesso a quintas de produção biológica. Estas por sua vez sensibilizam os pais ao partilharem com eles as experiências que têm, e com a perseverança que lhe é conhecida, ajudam a mudar mentalidades. Eles por nós e nós por eles!
Urge a necessidade de mudarmos os nossos comportamentos. A agricultura biológica proporciona um modo de vida mais saudável, inseridos num contexto de vida natural, que preserva a natureza, evitando a contaminação dos solos, consequentemente das águas, do ar, trazendo às nossas mesas alimentos seguros e saudáveis. Amanhã poderá ser tarde mais, mude hoje!

sexta-feira, 5 de junho de 2009

AGRICULTURA BIOLÓGICA - 1ª Parte


- Uma Escolha Consciente -

“A agricultura biológica é um sistema de produção holístico, que promove a melhoria da saúde do ecossistema agrícola, ao fomentar a biodiversidade, os ciclos biológicos e a actividade agrícola do solo. Privilegia o uso de boas práticas de gestão da exploração agrícola, em lugar do recurso a factores de produção externos, tendo em conta que os sistemas de produção devem ser adaptados às condições regionais. Isto é conseguido, sempre que possível, através do uso de métodos culturais, biológicos e mecânicos em detrimento da utilização de materiais sintéticos.” (Organização Mundial de Saúde e Organização para a Agricultura e Alimentação das Nações Unidas, in Codex Alimentarius Comission, 1999.)

A agricultura biológica compreende uma forma de produção agrícola, animal e vegetal, em que a natureza é tida como um TODO, no qual o respeito integral pela natureza e pelo ser humano (parte integrante da natureza) são tidas em comunhão. É respeitada, assim, a forma natural dos ecossistemas e da biodiversidade, permitindo a produção de animais e vegetais o mais natural possível. Tal, permite-nos a autenticidade dos alimentos, em termos de cor, sabor e constituição dos alimentos, já que chegam a nós da forma como a natureza os produz.
Com a revolução industrial, a agricultura, outrora biológica, sofreu as pressões de ser mais rentável, crescendo rapidamente, permitindo-nos, até aos dias de hoje, termos qualquer alimento, em grande quantidade e em qualquer época do ano. Assim é, que quando vamos ao supermercado temos a mesma variedade de frutas e legumes tanto no Inverno como no Verão. Tal, deve-se à produção controlada e em série da agricultura convencional. Privilegiou-se ao longo de todos estes anos, de agricultura tradicional com aditivos, a quantidade e não a qualidade. Certo muitos de vós, terão consciência, do quão rápido cresce uma galinha hoje em dia ou uma simples alface. Lembram-se como era há uns vinte/trinta anos atrás? O recurso a substâncias químicas, como fertilizantes, adubos químicos, pesticidas, herbicidas, antibióticos permitiu-nos controlar a produção de alimentos, massificando e aumentando a sua disponibilidade para cada um de nós. Nada de errado haveria neste facto, se a natureza não estivesse cada vez mais afectada, se as águas não estivessem cada vez mais contaminadas, se o ar não estivesse cada vez mais poluído, se espécies animais e vegetais, com papéis tão importantes na natureza, não estivessem cada vez mais extintas e se a nossa saúde não estivesse cada vez mais debilitada. Infelizmente da pior maneira e talvez tardiamente, a consciência veio a si e urge tomarem-se medidas no sentido de garantirmos às gerações mais novas, o acesso a um planeta e uma vida saudáveis. Somos nós, mais velhos, exemplos para os mais novos e co-responsáveis da situação do planeta actual. Temos de mudar mentalidades e hábitos tornando-nos verdadeiros amigos e dinamizadores de um crescimento e desenvolvimento saudável dos nossos filhos, netos e sociedade, no geral. Os alimentos de origem biológica são considerados autênticos, devido a serem produzidos de forma natural. Alguns estudos afirmam que os alimentos biológicos possuem mais vitaminas e minerais, mas deve-se referir que estas características variam de acordo com o tipo de solo, variação climática, sistema de irrigação, genética da planta e a práticas de transporte e manuseamento. A grande garantia que temos é de que estamos a consumir um alimento sem químicos alimentares, o que no caso das carnes, nos garante animais livres de hormonas, livres de rações contaminadas, que têm espaço livre para pastar e se movimentar. A agricultura biológica ou orgânica (como é referida em alguns países) segue princípios fundamentais como a limitação rigorosa dos aditivos e auxiliares tecnológicos, limitação dos elementos químicos sintetizados, como pesticidas, fertilizantes sintéticos e antibióticos e a proibição de organismos geneticamente modificados, os famosos OGM.

Nota: Termina a 25 de Junho, o concurso europeu (aberto a todos os cidadãos europeus inscritos numa instituição do ensino superior de arte ou design com sede num dos países da UE) para a concepção de um novo logótipo europeu original e atractivo para a Agricultura Biológica.