segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Alimentação e demência mental


Com o passar dos anos, o envelhecimento vem muitas vezes associado a algumas perdas de bem-estar físico e psicológico. Assim não é fora de comum encontrarmos nos idosos problemas odontológicos, de deglutição, perda de paladar e/ou olfacto, problemas psicológicos, como depressão, tristeza, desânimo, apatia, solidão, problemas provocados pela medicação como a perda de apetite, azia, gastrite, assim como problemas cardíacos, gástricos e neurológicos.
Com o seu envelhecimento, o cérebro vai perdendo a habilidade para se proteger da inflamação e oxidação, processos que formam radicais livres que atacam as células cerebrais levando à morte de neurónios. Ainda associados a estes problemas surgem, muitas vezes, problemas financeiros devido a reformas insuficientes que não permitem uma alimentação e saúde equilibradas.
A demência é uma deterioração mental que leva a uma diminuição das habilidades mentais, comprometimento da memória, da orientação, do pensamento abstracto e alteração do comportamento.
A solidão juntamente com dificuldades físicas e psíquicas auxilia na precariedade de vivência em que muitos idosos se encontram, infelizmente por não terem quem lhes prepare refeições fazendo com que optem por alimentos pré-feitos muitas vezes mais caros e ricos em calorias e açúcar.
Os doentes com demência tornam-se gradualmente mais dependentes devendo ser controlados, no sentido de serem vigiados em comportamentos gerais, mas também em actividades básicas como na alimentação, no sentido de garantir uma alimentação adequada e um peso equilibrado.
Quando o acto de comer é afectado, seja por dificuldades de deglutição, por problemas dentários ou outros, deve ser administrado uma alimentação pastosa ou líquida. Deve garantir que estas são variadas e equilibradas de forma a evitar desnutrição. Neste sentido, são exemplos de dieta pastosa: leite misturado com frutas em puré, leite com cereais, carnes reduzidas a puré, empadão, vegetais e leguminosas em puré (cenoura, ervilhas, feijão), papas de arroz, sopas em creme, pudins, frutas cozidas, leite com papas de pão; em termos de dietas líquidas podem ser boas opções leite ou iogurte batidos com frutas, sumos de frutas, caldos de legumes. Este tipo de dietas não precisam de ser desajustadas de uma alimentação dita normal, devendo dar maior importância aos cereais, massas, frutas, legumes, verduras e peixes.
Em continuação, ficam aqui algumas dicas para lidar com pessoas com demência, em termos alimentares:
- Manter as rotinas de horários e local das refeições, com todos os membros da família. O organismo tende a se habituar com horários rotineiros e o estímulo da fome é essencial para o sucesso de uma boa aceitação alimentar.
- Comer com a colher e não com o garfo, tende a ser mais fácil de manipular comportando menos riscos.
- Fazer refeições variadas, sendo preferível comer poucas porções várias vezes ao dia e de fácil deglutição.
- Comunicar com o doente indicando que é preciso mastigar muito bem os alimentos.
- Ter alguma paciência e humor.
- Provar a comida do idoso, uma vez que devido à demência, pode não ter noção do gosto dos alimentos nem mesmo ter sede.
- Dar líquidos como água, infusões e sumos durante todo o dia para evitar desidratação.
- Fazer a higiene oral depois das refeições, escovando os dentes ou lavando a prótese dentária e lavando a cavidade bocal.
- Verificar se a prótese está em bom estado e ajustada. Fazer visitas periódicas ao dentista.
- Ter em consideração que o número de calorias necessárias em pessoas calmas é menor do que para pessoas agitadas que andam durante todo o dia.
Os doentes com demência exigem muitos cuidados requerendo um esforço acrescido dos seus cuidadores. A paciência e a compreensão são boas aliadas no acompanhamento destas pessoas de forma a facilitar o dia-a-dia e a manter a dignidade destes pacientes.
Em Portugal estima-se que existam cerca de 153.000 pessoas com demência, 90.000 com Doença de Alzheimer.

Sem comentários:

Enviar um comentário